sexta-feira, 22 de outubro de 2010

The Town // A Cidade (2010)

Ben Affleck tem vindo a mostrar que é melhor realizador que actor e este filme dita-o mais uma vez. The Town conta a história de um gangue de assaltantes que se vê em sarilhos quando deixam que o lado emocional interfira com o 'trabalho'. O filme começa com um assalto meticulosamente elaborado onde foi feita uma refém. Tudo podia ter corrido bem.. se a refém não fosse vizinha da quadrilha e se um dos assaltantes não se apaixonasse por ela.

The Town conta com interpretações de grande categoria. Além de Ben Affleck temos uma excelente interpretação de Jeremy Renner, que no ano passado foi nomeado para melhor actor com o filme 'The Hurt Locker', tanto pela academia Americana como pela Inglesa. Em grande está também Jon Hamm, o protagonista principal da excelente série Mad Men. Para completar o elenco principal temos que dar crédito a Rebecca Hall, a Vicky do 'Vicky Cristina Barcelona' que mostra mais uma vez ser uma jovem promissora no mundo da 7ª arte. De mulheres fica também a indicação de Blake Lively - uma jovem actriz de 23 anos que pareceu muito competente (apesar de nunca a ter visto antes). Chris Cooper também entra neste filme embora num papel menor.

A banda sonora pode ser descrita com uma palavra: aceitável. Qualquer adjectivo adicional parecer-me-ia excessivo.

The Town apresenta-se também com um argumento bem distribuído o que o torna um filme agradável para os dois sexos. São levantadas questões pertinentes à condição humana tais como a lealdade, fidelidade, influência paternal, o amor e a falta dele. Nada de extraordinário mas suficiente para distinguir este filme de acção de outros filmes do mesmo calibre. A Cidade faz-me recordar de um filme Sul-Africano de grande qualidade também sobre assaltos a bancos e o respectivo impacto na vida amorosa: Sander // Bom Polícia Melhor Ladrão. Se gosta desta temática veja os dois.

Contudo, e para finalizar, devo dizer que as minhas expectativas eram bastante elevadas e talvez por isso não compreenda toda a euforia que tenho visto sobre esta produção. É um filme que tem na mira um público alvo muito vasto e que promete duas horas bem passadas no cinema, tanto com amigos como num encontro.

Trailer:

Avaliação:

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Machete (2010)


Machete é o novo filme de Robert Rodriguez (Sin City, Grindhouse, El Mariachi, etc.) e conta com o primeiro papel principal do actor de origem mexicana Danny Trejo.
Machete (Trejo) é um ex-polícia federal contractado para abater o senador racista e anti-humano John McLaughlin (Robert De Niro). O problema foi quando Machete se apercebeu que o plano era uma cilada. E aí começa o filme: uma corrida de violência contra o tempo para abater todos os que traíram Machete.

Para além de Danny Trejo e de Robert De Niro, o filme tem outras participações curiosas: Jessica Alba, Steven Seagal, Michelle Rodriguez, Lindsay Lohan. Digo curiosas porque não passam muito disso. O Steven Seagal está gordo e gasto e as três moças têm tanto de bonitas como de incompetentes.

Danny Trejo

Em Machete o grande protagonista é mesmo Danny Trejo, goste-se ou adore-se (a opção 'deteste-se' é inviável, convenhamos). O actor, que passou anos de vida dentro e fora da prisão por problemas derivados do vício de heroína, recompôs-se e tem vindo a revelar-se uma agradável surpresa no grande ecrã. É um dos actores que produz mais filmes por ano. Quase sempre desempenha papéis de criminoso e costuma trabalhar com o seu primo em segundo grau e realizador deste filme, Robert Rodriguez. Existe uma espécie de sinergia entre os dois, e isso traduz-se, na maioria das vezes, em arte. Infelizmente isso não aconteceu desta vez: Machete é um filme de violência barata, desmedida e medíocre que consegue aborrecer pela falta de conteúdo.

Se gosta do registo cinematográfico de Robert Rodriguez (e Quentim Tarantino) talvez, TALVEZ, consiga achar algum interessa neste filme.

Trailer:

Avaliação:

sábado, 16 de outubro de 2010

Inception // A Origem (2010)

Christopher Nolan (Dark Knight, Memento, etc.) é o realizador e argumentista deste novo filme de Leo DiCaprio (Titanic, Departed, Aviator, Revolutionary Road, etc) onde os sonhos e a mente humana são levados a um nível nunca antes visto em cinema.

A história baseia-se na permissa que os sonhos podem ser manipulados e Dom Cobb (DiCaprio) é o melhor a fazê-lo. Cobb faz parte de uma sociedade perita em roubar informações do subconsciente das pessoas enquanto estas dormem porque, segundo o filme, durante o sono a mente encontra-se no estado mais vulnevável. Para Cobb, invadir sonhos de terceiros para extrair informações preciosas tornou-se tarefa fácil. Neste filme, Cobb é apresentado a uma missão nunca antes tentada: invadir um sonho e introduzir informações e recordações não pertencentes à pessoa em questão.

Apesar de eu tentar resumir a história nesta ideia simplista, 'A Origem' nada tem de simples. O filme é um verdadeiro mindfuck e é aconselhável vê-lo mais que uma vez.

DiCaprio já não tem muito que provar no que toca à representação e este ano parece ter-lhe corrido particularmente bem. Recorde-se de Shutter Island. Leo já foi nomeado para 3 óscares da academia e será certamente nomeado para mais. Aqui podemos contar também com a participação de Ellen Page, uma miúda de 23 anos que se tornou popular com o filme Hard Candy e que n'A Origem tem uma interpretação muito equilibrada. Equilibrada é também a interpretação da vencedora do prémio da academia Marion Cotillard que nos encanta a vista durante alguns bons momentos do filme.

No que toca à imagem, conte com uma produção digital com efeitos especiais de muito bom nível. Alterações de espaço e alterações de gravidade terrestre são alguns dos presentes que Nolan decidiu usar nesta película. A diferença de efeitos especiais deste filme para outros do género pode parecer mínima mas a elegância com que estes são usados é de uma sobriedade muito invulgar.

Posto isto, convém saber que esta produção foi filmada nos EUA, Canadá, em Inglaterra, no Japão e até em Marrocos. As paisagens fazem do filme um momento agradavelmente aconchegador com tendência para distorcer.

Se ainda não teve oportunidade de ver, vá ao cinema ainda esta semana. Terá uma verdadeira experiência IMAX. Está a valer um BigMac em como na cerimónia dos óscares, A Origem será um dos vencedores.

Trailer:

Avaliação (1-5 estrelas):

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Hachiko: A Dog's Story // Hachiko - Amigo para Sempre (2009)

Hachiko é um cão japonês de raça Akita e é a personagem principal deste filme. Baseado em factos reais, esta produção trata da história de um cão e do seu dono, e de como se controem laços de amor e lealdade entre o Homem e o animal.

Richard Gere é Parker Wilson, um professor numa pacata cidade com uma vida bem estabelecida. Todos os dias Parker vai de combóio até ao trabalho. Todos os dias regressa. Certo dia, encontra na estação de comboios um cachorro aparentemente abandonado e, após procurar infrutuosamente o dono do cão, decide tomar conta dele. O que ao início parecia temporário torna-se permanente: Parker passa a despender a maior parte do tempo livre com o cão até ao ponto de se tornarem inseparáveis companheiros.

Como Parker e Hachiko partilhavam a vida um com o outro, inclusivé os banhos de banheira, todos os dias iam juntos até ao combóio. Hachiko despedia-se do dono e voltava para casa. No final do dia, quando o combóio de Parker chegava, Hachiko estava à sua espera. Isto sucedeu-se anos após anos, e nem o pelo ensopado da chuva ou as orelhas queimadas da neve demoviam Hachiko da espera pelo dono.

Certo dia Parker não aguentou mais o peso da idade e não regressou do trabalho. Hachiko continuou na estação à espera. Dias e dias. Durante 10 anos.

Hachiko: A Dog's Story é um filme apaixonante altamente recomendado a todos aqueles que têm um melhor amigo de quatro patas.

Como referi anteriormente, 'Hachiko: A Dog's Story' é baseado em factos reais, e este cão (não me refiro à raça, refiro-me a Hachiko) tornou-se um ícone cultural no Japão, tendo direito a uma estátua de Bronze na estação de Shibuya, em Tókio, bem como a um dia por ano em sua homenagem.

Se gostou do filme Marley e Eu, vai adorar este. E se gostar tanto de cães como eu, vai precisar de um lencinho de papel consigo.

Avaliação (1-5 estrelas):

Trailer:

domingo, 3 de outubro de 2010

The Quick and the Dead // Rápida e Mortal (1995)

A primeira vez que ví este filme foi por acaso e apanhei-o a meio. Fiquei muito intrigado: que raio de western seria este com Di Caprio, Sharon Stone, Gene Hackman e Russel Crowe?
Na altura não havia a facilidade que há hoje em termos de internet e fiquei com o filme na cabeça.
Eis que voltei a vê-lo, desta vez de início, e ainda bem.

'Rápida e Mortal' conta a história de uma pistoleira, Ellen, (Sharon Stone) que viaja até uma cidade do faroeste para participar numa competição de duelos. A competição é muito simples, ao badalar do relógio os dois participantes disparam um sobre o outro. Quem não morrer contínua no torneio.

Essa cidade provinciana é controlada pela lei da força e do medo por Herod (Gene Hackman). Kid (Di Caprio) tem fortes relações com Herod e reclama ser o pistoleio mais rápido do oeste. Cort (Russel Crowe) fora um pistoleiro que se arrependeu de uma vida de males tornando-se padre.

A grande trama do filme vai-se revelando à medida que vamos descobrindo mais das personagens. O argumento é uma coisinha muito básica mas contuo interessante. A prestação dos actores está mediana, valendo a personagem de Gene Hackman para dar um tom mais sério ao filme.

Não esquecer que este filme é de 95': Di Caprio muito novo a iniciar carreira no cinema, Russel Crowe mais velho mas ainda nos primeiros filmes e Sharon Stone com pouco mais de uma dúzia de papéis. O director é Sam Raimi, que outrora realizou o brilhante 'The Evil Dead'.

Fora estes assuntos, a banda sonora encaixa muito bem e o ambiente visual é muito interessante.

É um filme que vale pela história para aqueles que gostam de coboiadas.. ou que gostam de ver a Sharon Stone de armas em punho num estilo muito à Femme Fatale. Considero que, com este conjunto de actores, este filme deveria ser melhorzinho.

Avaliação (1-5 estrelas):

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Avatar (2009)

A ideia para o filme Avatar já vem de '94, ano em que o famoso e respeitado James Cameron começou os primeiros rabiscos para o filme Titanic. Não foi possível realizá-lo na altura por requerer tecnologia ainda muito pouco testada.

O filme - uma aventura de ficção científica - trata de uma tribo Na'vi, residente numa espécie de planeta chamado Pandora, que possuem um mineral muito apetecido pelos humanos. O problema é que as condições atmosféricas de Pandora não se coadunam com o tipo de vida terrestre, daí a necessidade de criar um Avatar (uma espécia de humano-Na'vi) para poder viver nesse planeta o tempo suficiente para roubar o que de precioso lá existe.

A expectativa para este filme foi grande, o orçamento de produção foi o maior de sempre (237 USD), o rendimento superou-o, contudo a academia decidiu premiar um filme pouco badalado e curiosamente realizado pela ex-companheira de Cameron.

A verdade é que Avatar é uma obra prima cinematográfica e que mudará certa e infelizmente o rumo do cinema, sendo isso bom ou mau, ainda que não venha ao caso. Acabou por arrecadar 3 óscares técnicos na cerimónia (cinematografia, efeitos visuais e direcção de arte) embora tivesse nomeado para mais 5, entre eles o de melhor actor e de melhor realizador. Não fiquei surpreendido com os resultados. Teria ficado surpreendido (talvez até indignado) se Avatar conquistasse a estatueta de melhor filme.

A grande inovação (leia-se decepção) em Avatar foi a produção com a tecnologia 3D, o que explica todo o hype em torno do filme. Avatar é um misto da história do Matrix com Pocahontas. O resultado saiu pior que a soma das partes.

Tecnologia 3D

Existem relatos de espectadores que não lidaram bem com os óculos 3D e eu fui um deles. Não fiquei fã nem tanto recomendo. O cinema analógico (desprezando o DIGITAL) é, a meu ver, insuperável. Se se procura realismo, não será nas 3 dimensões que se encontra. Na verdade, filmes rodados a 3D nem são de uma temática realista nem, dentro da medida, parecem mais realistas por serem assim produzidos.

Roger Ebert (Chicago-Sun Times) tem uma posição muito semelhante e referiu uma vez que "quando vemos um filme a 2D (normal), ele já está em 3D, pelo menos no que consta à percepção". Não podia ser mais verdade. Não são precisos óculos ou equipamento 3D para ver um filme com a terceira dimensão, que é a profundidade. Ela está filmada. Todos nós distinguimos se uma personagem se aproxima ou se afasta do ecrã. Ou se um objecto lhe está acessível ou não. O que o 3D faz, na verdade, é desviar a atenção do espectador para efeitos descompensados. Isso traduz-se numa distracção do essencial - o filme.

Parece-me que, na verdade, 3D significa: distração, distorção e desproporcionalização.

Avaliação (1-5 estrelas):

Analyze That // Outra Questão de Nervos (2002)

Se viu o primeiro filme desta saga, vai certamente ver este. Se apenas viu este, vai ficar curioso em saber a origem das dos distúrbios emocionais do respeitado mafioso Paul "The Boss" Vitti. E é aqui que entra "Analyze That", do mesmo realizador da prequela.

Analyze That conta a segunda parte da história do paranóico Paul Vitti (De Niro) e da sua reabilitação psiquiátrica com o Dr. Sobel (Billy Crystal). Para não fazer spoilers em relação ao filme anterior, não revelarei muito sobre esta sequela.

São dois filmes seguramente complementares. A prestação dos actores mantém-se muito fiel em ambos os filmes e Robert De Niro volta a fazer magia nesta comédia para todas as idades. E é precisamente isto que faz o filme: um conjunto de actores muito preciosos a fazer o que melhor sabem. E sabem-no irrepreensivelmente. De outra forma seria mais uma comédia engraçada de Domingo à tarde.

Como dizia o poeta, tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Portanto, se o caro leitor estiver com vontade de dar mais gargalhadas sempre que ouve o De Niro dizer "No, you're good!", veja este filme. Hoje!

Avaliação (1-5 estrelas):